Selton Mello: Uma Biografia Detalhada de um Ícone das Artes Cênicas Brasileiras

Introdução

Selton Figueiredo Mello, nascido em Passos, Minas Gerais, em 30 de dezembro de 1972, é um nome que ressoa com talento e versatilidade no cenário artístico brasileiro. Ator, dublador, diretor e produtor, ele construiu uma carreira multifacetada, marcada por personagens memoráveis e projetos inovadores. Reconhecido pela crítica e pelo público, Selton Mello é considerado um dos grandes nomes do Brasil no campo das artes cênicas e do audiovisual.


Juventude e Origens

Infância e Mudança para São Paulo

A trajetória de Selton Mello começou em Passos, Minas Gerais, onde nasceu e passou os primeiros anos de sua vida. Ainda criança, mudou-se para São Paulo com sua família, um momento que marcou o início de sua jornada rumo ao mundo das artes. Mais tarde, sua carreira de ator o levaria a residir no Rio de Janeiro, consolidando sua presença nos principais centros culturais do país.

Raízes Familiares

Selton Mello é filho de Dalton Natal de Melo e Selva Aretuza Figueiredo Melo, ambos descendentes de portugueses. A influência de suas raízes familiares pode ter contribuído para sua paixão pelas artes e sua dedicação à cultura brasileira. Seu nome, Selton, é uma homenagem criativa a seus pais, combinando as iniciais de sua mãe (Sel) com as últimas letras do nome de seu pai (Ton), um gesto que demonstra o carinho e a união familiar.

Irmão Ator

A veia artística corre na família Mello. Selton é irmão do também ator Danton Mello, o que sugere um ambiente familiar que valorizava e incentivava o desenvolvimento de talentos artísticos. A presença de um irmão também envolvido na atuação pode ter sido uma fonte de inspiração e apoio ao longo de sua carreira.

Início da Carreira na Televisão

Estreia Mirim em "Dona Santa"

O talento precoce de Selton Mello se manifestou cedo. Em 1981, aos oito anos de idade, ele fez sua estreia na televisão no seriado "Dona Santa", exibido na Rede Bandeirantes. Interpretando Sidney, um dos personagens centrais da trama, Selton já demonstrava sua capacidade de cativar o público e sua paixão pela atuação.

Participação em "Braço de Ferro"

Em 1983, Selton Mello continuou sua trajetória na Rede Bandeirantes, participando da novela "Braço de Ferro". Nesta produção, ele viveu Raimundo, um personagem que contribuiu para a construção de sua experiência e seu desenvolvimento como ator mirim.

Transição para a Rede Globo em "Corpo a Corpo"

Em 1984, Selton Mello deu um passo importante em sua carreira ao se transferir para a Rede Globo, a maior emissora do país. Ele integrou o elenco da novela "Corpo a Corpo", interpretando Ronaldo Pellegrini, um papel que o ajudou a consolidar sua presença na televisão brasileira.

Atuação em "Sinhá Moça"

Em 1986, Selton Mello participou da primeira fase da novela "Sinhá Moça", interpretando o escravo alforriado Rafael. Este papel, em uma novela de época de grande sucesso, demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se adaptar a diferentes personagens e contextos históricos.

O Hiato na TV e a Dedicação ao Cinema e à Dublagem

Afastamento da TV e Foco no Cinema

Após sua participação em "Sinhá Moça", Selton Mello optou por um afastamento estratégico da televisão, dedicando-se ao cinema e à dublagem. Essa decisão demonstrava sua busca por novos desafios e sua vontade de explorar diferentes áreas do mundo do entretenimento.

Carreira como Dublador

A carreira de Selton Mello como dublador foi marcada por personagens icônicos. Ele deu voz a John Bender, de "Clube dos Cinco", Charlie Brown, de "Charlie Brown e seus amigos (Peanuts)", e ao jovem Indiana de "Indiana Jones e a Última Cruzada". Sua versatilidade vocal e sua capacidade de transmitir emoções através da voz o consagraram como um dos grandes dubladores do Brasil.

Outros Trabalhos de Dublagem

Além dos personagens mencionados, Selton Mello também participou da dublagem de diversos outros filmes, como "Loucademia de Polícia", "Os Goonies", "Karate Kid Parte II" e "Karate Kid Parte III". Sua presença em produções de sucesso demonstrava sua importância e sua reputação no mercado de dublagem.

Retorno à Atuação em Animações

Mais tarde em sua carreira, Selton Mello retornou ao mundo das animações, desta vez como ator convidado. Ele participou de filmes como "A Nova Onda do Imperador", "Irmão Urso" e das animações brasileiras "Uma História de Amor e Fúria" e "Lino - O Filme", demonstrando sua paixão pela animação e sua vontade de contribuir para a produção de conteúdo de qualidade para o público infantil e adulto.

Retorno às Novelas e Minisséries

Estreia no Cinema com "Uma Escola Atrapalhada"

Em 1990, Selton Mello fez sua estreia no cinema através do filme "Uma Escola Atrapalhada", no papel de Renan. Este filme marcou o início de sua trajetória no cinema, abrindo portas para futuros projetos e oportunidades.

Retorno às Novelas com "Pedra sobre Pedra"

Em 1992, Selton Mello retornou às novelas, interpretando Bruno em "Pedra sobre Pedra". Este papel marcou seu retorno à televisão após um período dedicado ao cinema e à dublagem, demonstrando sua versatilidade e sua capacidade de transitar entre diferentes mídias.

Participação em "Olho no Olho"

Em 1993, Selton Mello esteve no elenco da novela "Olho no Olho", interpretando Juca. Sua participação nesta produção contribuiu para a consolidação de sua carreira na televisão brasileira.

Papel de Destaque em "Tropicaliente"

Em 1994, Selton Mello viveu Vítor Velasquez, um dos personagens centrais da novela "Tropicaliente". Este papel de destaque demonstrou sua capacidade de protagonizar uma novela e de cativar o público com seu talento e carisma.

Atuação em "A Próxima Vítima"

Em 1995, Selton Mello viveu Antônio Mestieri na novela "A Próxima Vítima". Sua participação nesta novela de suspense e mistério contribuiu para a diversificação de sua carreira e para a demonstração de sua versatilidade como ator.

Participação em "A Indomada"

Em 1997, Selton Mello interpretou Emanuel na novela "A Indomada". Este papel em uma novela de época demonstrava sua capacidade de se adaptar a diferentes contextos históricos e de interpretar personagens complexos e desafiadores.

Protagonismo em "O Auto da Compadecida"

Em 1999, Selton Mello protagonizou, ao lado do ator Matheus Nachtergaele, a minissérie "O Auto da Compadecida", no papel do nordestino Chicó. Este papel icônico marcou um momento importante em sua carreira, consagrando-o como um dos grandes atores do Brasil. A minissérie, baseada na obra de Ariano Suassuna, tornou-se um clássico da televisão brasileira, e a interpretação de Selton Mello como Chicó é lembrada com carinho e admiração pelo público.

Coprotagonismo em "Força de um Desejo"

No mesmo ano de 1999, Selton Mello foi coprotagonista da novela das seis "Força de um Desejo", interpretando Abelardo Sobral. Sua participação nesta novela de época demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes gêneros e formatos.

Protagonismo em Séries e Filmes

"A Invenção do Brasil"

Em 2000, Selton Mello protagonizou a série "A Invenção do Brasil", feita em comemoração aos 500 anos do Brasil, como Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru. Este papel demonstrava seu compromisso com a cultura brasileira e sua capacidade de interpretar personagens históricos importantes.

"Os Maias"

Em 2001, Selton Mello protagonizou a minissérie "Os Maias", interpretando João da Ega. Sua atuação nesta adaptação da obra de Eça de Queirós demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de interpretar personagens complexos e sofisticados.

"Lavoura Arcaica"

No mesmo ano de 2001, Selton Mello protagonizou o filme "Lavoura Arcaica" como André. Este papel em um filme aclamado pela crítica demonstrava sua capacidade de se destacar no cinema e de interpretar personagens profundos e introspectivos.

"Os Normais"

Em 2003, Selton Mello integrou o elenco da terceira temporada do seriado "Os Normais", no papel de Bernardo. Sua participação nesta comédia de sucesso demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes gêneros.

"Lisbela e o Prisioneiro"

No mesmo ano de 2003, Selton Mello protagonizou o longa-metragem "Lisbela e o Prisioneiro" como Leléu Antônio. Este papel em uma comédia romântica de grande sucesso demonstrava sua capacidade de cativar o público e de se destacar em diferentes gêneros cinematográficos.

"Os Aspones"

Em 2004, Selton Mello foi um dos protagonistas da série "Os Aspones", interpretando Tales. Sua participação nesta comédia demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes formatos televisivos.

"Tarja Preta"

No mesmo ano de 2004, Selton Mello apresentou o programa "Tarja Preta", exibido no Canal Brasil, onde entrevistava profissionais do cinema e de cultura. Sua atuação como apresentador demonstrava seu conhecimento e sua paixão pelo cinema e pela cultura brasileira.

"O Coronel e o Lobisomem"

Em 2005, Selton Mello viveu Pernambuco Nogueira no filme "O Coronel e o Lobisomem". Este papel em uma comédia de época demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se adaptar a diferentes contextos históricos e culturais.

Direção e Produção

Estreia como Diretor com "Quando o Tempo Cair"

Em 2006, Selton Mello estreou como diretor, dirigindo o curta-metragem "Quando o Tempo Cair". Este projeto marcou o início de sua trajetória como diretor, demonstrando sua paixão pelo cinema e sua vontade de explorar diferentes áreas da produção audiovisual.

"O Sistema"

Em 2007, Selton Mello viveu o protagonista Matt na série "O Sistema". Sua atuação nesta série demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes gêneros televisivos.

"Meu Nome Não É Johnny" e "Feliz Natal"

Em 2008, Selton Mello protagonizou o filme "Meu Nome Não É Johnny", interpretando o produtor musical João Guilherme Estrella, e dirigiu o filme "Feliz Natal". Estes projetos demonstravam sua versatilidade e sua capacidade de se destacar tanto como ator quanto como diretor.

"Jean Charles"

Em 2009, Selton Mello protagonizou o filme "Jean Charles", baseado na história real do brasileiro morto ao ser confundido com terroristas em Londres. Este papel demonstrava seu compromisso com questões sociais e sua capacidade de interpretar personagens complexos e emocionantes.

"A Cura"

Em 2010, Selton Mello esteve no elenco da série "A Cura", no papel do protagonista Dimas Bevilláqua. Sua atuação nesta série demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes gêneros televisivos.

"A Mulher Invisível" e "Billi Pig"

Em 2011, Selton Mello protagonizou, ao lado de Luana Piovani e Débora Falabella, o seriado "A Mulher Invisível", interpretando Pedro; a série foi baseada no filme lançado em 2009. Também em 2011, protagonizou "Billi Pig" com Grazi Massafera, onde interpretou Wanderley. Sua participação nestes projetos demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes gêneros e formatos.

"O Palhaço"

Também em 2011, Selton Mello lançou seu segundo filme como diretor, "O Palhaço", do qual é protagonista, roteirista e diretor, e com o qual ganhou doze Grandes Otelos no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012. Este filme marcou um momento importante em sua carreira, consolidando-o como um dos grandes nomes do cinema brasileiro.

Projetos Recentes

"Reis e Ratos" e "Sessão de Terapia"

Em 2012, Selton Mello viveu o protagonista Troy Somerset no filme "Reis e Ratos". Também em 2012, passou a viver Caio na série "Sessão de Terapia" no canal GNT, no qual também é diretor. A série ganhou mais duas temporadas, se estendendo até 2014. Sua participação nestes projetos demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes gêneros e formatos.

"Trash - A Esperança Vem do Lixo"

Em 2014, Selton Mello participou do filme anglo-brasileiro "Trash - A Esperança Vem do Lixo" como Frederico. Sua participação neste projeto internacional demonstrava seu reconhecimento e sua projeção no cenário cinematográfico mundial.

"Ligações Perigosas" e "Meu Amigo Hindu"

Em 2016, Selton Mello interpretou Augusto de Valmont, um dos protagonistas da série "Ligações Perigosas". Também em 2016, fez parte do elenco do último filme de Héctor Babenco, "Meu Amigo Hindu", como a personificação da morte. Sua participação nestes projetos demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de interpretar personagens complexos e desafiadores.

"O Filme da Minha Vida"

Em 2017, Selton Mello dirigiu, roteirizou e atuou em "O Filme da Minha Vida", seu terceiro filme como diretor. Este projeto demonstrava sua paixão pelo cinema e sua vontade de explorar diferentes áreas da produção audiovisual.

"Treze Dias Longe do Sol" e "O Mecanismo"

Em 2018, Selton Mello protagonizou a série da Globo "Treze Dias Longe do Sol" como Saulo Garcez e integrou o elenco da série "O Mecanismo", da Netflix, interpretando o protagonista Marco Ruffo. A série teve duas temporadas. Sua participação nestes projetos demonstrava sua versatilidade e sua capacidade de se destacar em diferentes formatos televisivos.

Retorno a "Sessão de Terapia" e "Nos Tempos do Imperador"

Em 2019, Selton Mello voltou com a série "Sessão de Terapia", em exclusivo para o Globoplay, onde acumula funções de diretor e protagonista, o terapeuta Caio Barone. Em 2020, retornaria as novelas após 23 anos afastado, interpretando o protagonista Dom Pedro II na novela das seis "Nos Tempos do Imperador", entretanto a novela foi adiada devido a Pandemia de COVID-19, tendo a sua estreia em Agosto de 2021. Pela sua atuação na novela ele ganhou o Prêmio F5 de Melhor Ator do ano. Sua participação nestes projetos demonstrava seu compromisso com a cultura brasileira e sua capacidade de interpretar personagens históricos importantes.

"Ainda Estou Aqui" e "O Auto da Compadecida 2"

Em 2024, Selton Mello protagonizou o filme "Ainda Estou Aqui" interpretando Rubens Paiva, ex-deputado que desapareceu durante a ditadura militar brasileira. No mesmo ano, ele também protagonizou "O Auto da Compadecida 2", novamente ao lado de Matheus Nachtergaele, lançado nos cinemas nacionais dia 25 de dezembro. Este retorno ao icônico papel de Chicó demonstra sua importância e seu legado na cultura brasileira.

Projetos Futuros: "Enterre Seus Mortos" e "Anaconda"

Em 2025, Mello protagonizará "Enterre Seus Mortos", ainda sem previsão de estreia nos cinemas. O filme teve sua première nacional no Festival do Rio. No mesmo ano, Selton integra o elenco da quinta sequência de "Anaconda" e viaja à Austrália para as gravações do filme. Estes projetos demonstram sua versatilidade e sua projeção no cenário cinematográfico mundial.

Vida Pessoal

Discrição e Apreço pela Solidão

Em sua vida pessoal, Selton Mello sempre se manteve discreto. Em entrevista para o "Mais Você" em 2024, ele declarou que gosta de ficar sozinho, apreciando sua própria companhia e sua rotina tranquila, e que nunca teve o sonho de se casar ou ter filhos, o que o fez ser muito cobrado pelas pessoas a sua volta.

Relacionamentos Amorosos

Entre 1994 e 1997, Selton Mello namorou a atriz Danielle Winits; já entre 2000 e 2002, namorou a atriz Andréa Leal. Seus relacionamentos amorosos, embora públicos, sempre foram mantidos com discrição e respeito.

Reflexões sobre o Casamento

"Pode ser que eu case, mas não é algo que eu queira ou pense. Nunca foi um sonho para mim", declarou Selton Mello em entrevista para o programa "Saia Justa" em 2024. Esta declaração demonstra sua independência e sua liberdade de escolher o caminho que considera mais adequado para sua vida pessoal.

Conclusão

A trajetória de Selton Mello é uma prova de talento, dedicação e versatilidade. Desde sua estreia na televisão aos oito anos de idade até seus projetos mais recentes como ator, diretor e produtor, ele construiu uma carreira sólida e respeitada, marcada por personagens memoráveis e projetos inovadores. Sua paixão pelas artes, seu compromisso com a cultura brasileira e sua capacidade de se reinventar constantemente o consagraram como um dos grandes nomes do Brasil no campo das artes cênicas e do audiovisual. Selton Mello continua a inspirar e encantar o público com seu talento e sua arte, deixando um legado duradouro na história do entretenimento brasileiro. Sua interpretação de Chicó em "O Auto da Compadecida" permanece como um de seus trabalhos mais emblemáticos, demonstrando sua habilidade de dar vida a personagens complexos e inesquecíveis.

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